Não se trata de um insólito, mas sim de uma realidade. Os trabalhadores da marca de automóveis Opel de Ruesselheim, na Alemanha, estão dispostos a contribuir com 35 milhões de euros, sob condições, para garantir a continuidade da principal fábrica europeia da marca que pertence à norte-americana General Motors (GM).
Para que tal seja possível, é necessário que a GM apresente um modelo de negócios para a Opel na Europa, disse o dirigente do Sindicato Alemão dos Metalúrgicos (IG Metall), Armin Schild, citado pela Lusa.
O pessoal da Opel quer beneficiar da retoma económica, no âmbito das atuais negociações para aumentos salariais dos metalúrgicos, sublinhou o sindicalista.
A confederação patronal do sector propôs aumentos de três por cento, mas o IG Metall exige 6,5 por cento, e tem promovido greves parciais para impor as suas reivindicações, que incluem a passagem ao quadro de todos os aprendizes.
Os trabalhadores da Opel, em Ruesselsheim, participaram hoje nas referidas greves, e num comício com cinco mil participantes, Schild anunciou que a contribuição financeira dos empregados da Opel para salvar a empresa só será negociada depois de saberem quais os aumentos salariais que irão ter.
O presidente do conselho de trabalhadores da Opel na Alemanha, Wolfgang Schaefer-Klug, disse na mesma ocasião que o contributo dos trabalhadores deverá assumir a forma de renúncia a parte dos salários e de um aumento do horário semanal das atuais 35 para 40 horas.
No entanto, Schaefer-Klug advertiu, que a contribuição dos trabalhadores não é suficiente para salvar o fabricante automóvel, e que isso compete aos responsáveis pelo sucesso da marca.
O dirigente laboral advertiu ainda que a situação da Opel é «precária» porque a empresa quer transferir a produção do Astra de Ruesselsheim e Bochum, outra fábrica na Alemanha, para a Polónia e para o Reino Unido.
Ao abrigo dos acordos atuais, a permanência da produção do Astra em Ruesselsheim, que tem 14 mil trabalhadores, e em Bochum, que tem 3.200 trabalhadores, só está garantida até finais de 2014.
A Adam Opel AG, filial alemã da GM, confirmou, existirem negociações com os trabalhadores sobre o futuro local de produção da nova geração do Astra, o seu modelo de maior sucesso.
A decisão faz parte do plano para tornar os negócios da Opel/Vauxhall rentável, porque, apesar dos recentes cortes, que se traduziram no encerramento de uma fábrica na Europa com nove mil trabalhadores, a marca está a produzir muito abaixo da capacidade instalada, disse um porta-voz da Opel à imprensa germânica.