Governo aumenta ajuda para compra de carro eléctrico. O Cheque para comprar um veículo elétrico sobe 33%, são 3 mil euros.
Depois das declarações polémicas do Ministro do Ambiente acerca dos carros equipados com motor diesel, o Governo anuncia o aumento da ajuda financeira para compra de carro eléctrico. A estratégia segue a tendência dos restantes mercados Europeus. Ou seja, diminuir a circulação de veículos diesel e aumentar a entrada de veículos Zero Emissões no mercado.
No entanto, parece-nos que há, aqui, uma parte da equação que está mal avaliada ou até mesmo esquecida. O Automoveis-Online sabe que, por exemplo, um Renault Zoe, veículo 100% eléctrico, custa em média cerca de 14 mil euros. Este é o custo do veículo sem baterias. Isto porque, a Renault tem duas modalidades de comercialização de baterias, ou as aluga, ou as vende.
Aluguer de baterias Renault
No caso do aluguer, a marca Francesa tem em conta o número de kms que o utilizador vai percorrer anualmente. Se escolhermos a opção até 7.500 kms por ano, o aluguer anda na casa dos 69€ mais IVA, mês. Ou seja, mais 1.018,44€ ano. Nesta modalidade, o utilizador não tem que se preocupar com a manutenção da bateria, a durabilidade e com a garantia. Está tudo incluído. Se avariar a Renault substitui.
Compra de baterias Renault
Neste caso, ao valor do carro, cerca de 14 mil euros, tem que adicionar o valor da bateria. A Renault vende as baterias de 40 kWh do ZOE por cerca de 7.500€ mais IVA.
Depois de termos tido o conhecimento de que o prazo médio de vida é inferior ao anunciado pelas marcas, a questão é, será que os vendedores de carros usados estão na disposição de comprar esses veículos para os vender depois e correr o risco de ter que assumir em garantia essas baterias que terão um custo de pelo menos 7.500€ mais IVA? Conhecendo o sector de comércio de veículos usados como conhecemos, não nos parece que estes profissionais estejam nessa disposição.
Comparticipação do Governo para compra de automóveis eléctricos
O Governo anunciou que os cheques para particulares vão aumentar para carros eléctrico abaixo dos 62.500 euros. São cerca de 883 cheques de 3.000€ que o Governo libertou para a compra de veículo Zero Emissões. Estima-se assim um investimento de 2,65 milhões de euros para este ano.
O aumento do apoio acontece depois de as vendas de automóveis com zero emissões terem registado um aumento de 148% em 2018 para um total de 4.073 unidades. Já este ano, as vendas disparam mais de 200% em janeiro, o que demonstra o apetite dos portugueses pela mobilidade elétrica.
O aumento do cheque foi avançado ao Jornal Económico pelo secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade José Mendes, que acredita que o cheque vai continuar a incentivar a mobilidade elétrica em Portugal, que tem tido crescimentos anuais consecutivos na ordem dos três dígitos.
Declarações do Secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade José Mendes
“Estou em crer que vamos ter aqui uma aceleração muito exponencial das vendas, o que significa que fatia de veículos elétricos no total de vendas de veículos em Portugal já começa a ter uma expressão muito acentuada e estas coisas quando são assim tendem a ser disruptivas”, disse José Mendes ao JE.“Ou seja, não faltarão muitos anos para que seja absolutamente natural, seja quase um ato de bom senso e de racionalidade, adquirir um veículo elétrico face a veículos com motores de combustão interna. Nós enquanto governantes o que queremos é descarbonizar o sistema de mobilidade, portanto, quanto mais veículos de emissões zero tivermos a circular, melhores notícias para o país”, afirmou.
A par do aumento do cheque para 3.000 euros no caso dos particulares, o bolo total para comprar estes veículos vai aumentar para 2,650 milhões de euros. Apesar das subidas, o número total de beneficiários irá descer para os 883 cheques, face aos mil cheques disponíveis no ano passado, quando o cheque era de 2.250 euros.
Cheque para as empresas mantém-se nos 2.250 euros
Além do aumento do valor do cheque para os particulares e da subida do bolo total, houve outras alterações este ano. Apesar do cheque para as empresas manter-se nos 2.250 euros, o número total de veículos elétricos que uma empresa pode comprar desceu para quatro unidades, menos uma face a 2018. “Estamos assim a libertar mais apoios para o lado dos particulares”, aponta o governante. As empresas continuam a ter direito à isenção do Imposto Único de Circulação (IUC) e do Imposto sobre o Veículo (ISV).
E para os particulares, acabaram-se os cheques para comprar carros elétricos de luxo, pois o Governo criou um teto máximo de 62,500 mil euros. Isto é, só tem direito a cheque quem comprar um carro abaixo deste valor, conforme o Jornal Económico avançou em primeira mão a 30 de janeiro.
“Limitando um bocadinho mais o número de veículos por pessoa coletiva; limitando o valor máximo do veículo; aumentando o apoio para 3.000 euros por veículo para os particulares; significa que, sem dúvida, este ano vamos apoiar mais particulares face ao ano passado”, prevê José Mendes.
Outra novidade este ano é que a compra de bicicletas elétricas vai ter direito a um cheque de 250 euros, para um bolo total de 250 mil euros. Assim, os primeiros mil compradores de bicicletas elétricas vão ter direito a este cheque.
Já as motos elétricas continuam a ter direito ao incentivo este ano. O cheque vai permitir um desconto de 20% no preço da moto, num teto de 400 euros por unidade, com dinheiro previsto para a compra de 250 motos elétricas.
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