Mais que um sector em crise, são as milhares de famílias que dependem da sobrevivência deste sector “Automóvel”. Desculpem-nos o proteccionismo, mas é ao segmento dos carros usados que nos compete defender.
No inicio do mês passado foi notícia nos diferentes órgãos de comunicação social, a crise do sector automóvel.
Falou-se sobretudo das quedas, na produção de carro novos, na venda de carros novos, falou-se no abate de carros usados, na isenção do imposto automóvel, proposto pela ACAP e por fim a estagnação do mercado dos usados.
Assim e depois de muitos artigos lidos, leva-nos a concluir que em Portugal tudo é importante neste sector de actividade económica, menos as empresas de comércio e reparação de automóveis usados.
Nesses artigos, deu-se relevância aos seguintes assuntos:
1) A produção nacional de automóveis em Agosto de 2009 caiu 39,4% quando comparada com igual mês do ano anterior, onde foram produzidos 4049 veículos;
2) O mercado de ligeiros de passageiros caiu 12,5% no mês de Setembro de 2009, relativamente ao mês homólogo de 2008, com 12093 unidades vendidas;
3) O mercado caiu 30,4% nos primeiros nove meses de 2009, face ao período homólogo, com 112898 unidades vendidas;
4) O abate de viaturas cresceu 22,5% no mês de Setembro, sendo que o seu peso no total de vendas de automoveis ligeiros novos foi de 24,2%; *
5) A ACAP, associação que tem entre os seus associados, identificamos os reparadores de automóveis e vendedores de automoveis usados, propõe e defende a isenção, quer do Imposto Automóvel quer do Imposto Único de Circulação; *
Colocamos o asterisco nos dois últimos pontos, porque é nestes dois pontos que pretendemos ser mais interventivos.
Numa primeira análise, o facto de o abate de carros usados representar 24,2% do volume de vendas de carros novos, poderia não ser importante, mas estamos a falar do mercado nacional de todas as matriculas, são muitos carros usados que deixaram de ser vendidos em detrimento dos novos.
Mas o que incomoda é a posição da ACAP.
Segundo o JN, a ACAP diz:
“Os novos incentivos ao abate de carros usados, em vigor desde Agosto, não estão a ser suficientes para pôr fim à crise no sector automóvel. A isenção de impostos durante dois anos continua a ser a reivindicação das empresas.
“A ganância de obter dinheiro de imediato por parte do Governo é que está a impedir a recuperação do sector automóvel”. É assim que Carlos Barbosa, presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP), comenta a falta de uma verdadeira inversão na venda de veículos novos. Acredita-se que 2009 feche com uma queda superior a 30% em relação ao ano passado.”
São muitos o profissionais de comércio e reparação automóvel, que são sócios desta associação, que em todas as sua acções e propostas, não defende uma única vez os interesses destes.
A proposta de Isenção do Imposto Automóvel, iria neste momento matar completamente o segmento dos carros usados.
Entendemos que é um abuso e até ilegal cobrar esse imposto, concordamos que deveria ser retirado. Mas primeiro tem de se pensar como. Existem centenas de carros usados à venda e que no caso de o imposto ser retirado iria causar muito prejuízo. Iríamos ver carros usados mais caros do que o mesmo carro novo.
Quanto ao Imposto Único de Circulação, entendemos que está a ser tributado a um valor muito elevado, deveria ser mantido os valores anteriores.
Principalmente se tivermos em conta o estado de conservação das mesmas, como se não bastasse, temos as scuts, os parques, a proibição de acesso a algumas áreas metropolitanas, mas isso não interessa, o português só tem de pagar.
O Imposto Único de Circulação aos valores actuais, deveria libertar os utentes das scuts, dos parques e claro a estradas de qualidade superior.
Hoje em dia um automóvel é um “mal necessário” e não um “Bem de Luxo” e tem que se ter em conta estas despesas todas. Pois o IUC que custava 16€ para um motor diesel de 1500 cilindrada passou a pesar no bolso dos portugueses mais 109€. Dá para um seguro low cost, não dá?
Os primeiros pontos deste artigo referem quedas em diferentes segmentos, mas nenhum deles referiu a queda no sector automóvel usado.
Em 2007 existiam cerca de 14 mil as empresas de comércio e reparação automóvel no mercado nacional, em 2009 este número caiu para 7 mil. Na sua grande maioria são micro empresas, que empregam directamente em média três pessoas por empresa, quer isto dizer que em dois anos perderam-se 21 mil posto de trabalho directo. Não contabilizamos os empregos indirectos, que este sector normalmente envolve na sua actividade.
A questão do abate de carros usados com idade igual ou superior a oito anos, vai levar que dentro muito pouco tempo à falta destes carros usados no mercado.
O leitor poderá estar a pensar, “não estou a ver mal nenhum nisso”. Na verdade não há mal nenhum, mas só até ao dia que venha a precisar de um carro usado de valor baixo, aí vai reparar que não há, pois foram todos para abate. Assim vai ter de comprar novo ou semi-novo, que na realidade não são propriamente carros baratos.
Parece que nos estamos a esquecer que todos têm direito a ter um carro, mesmo que muito barato seja.
O mesmo se passa com as oficinas de mecânica geral, aquelas que não são as dos importadores oficias. Estas praticam preços mais atractivos, mas vão acabar por fechar as portas, pois os carros que habitualmente assistiam, vão para abate, ficando só os carros novos ou semi-novos, mas estes têm de ir à marca, se não perdem a garantia. Como sabe os serviços prestados pelas oficinas dos importadores, que na sua maioria são bem mais caros.
O Automoveis-Online não está contra estes incentivos, antes pelo contrário, são úteis e podem revitalizar este mercado.
O que o Automoveis-Online chama atenção, é para a grande falta de apoios que este segmento tem falta. Não há qualquer tipo de incentivo, as vendas estão a cair a cada dia que passa, todos os dias fecham empresas. Por favor, não se esqueçam dos profissionais que actuam no segmento dos carros usados, também precisam de ajuda.
Pode debater este artigo no fórum Carroo.Org
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