A Primeira Autoestrada do Mundo que Carrega Carros Elétricos em Movimento Já é Real — E Pode Mudar Tudo

Uma estreia histórica na Europa promete transformar o futuro da mobilidade elétrica: carregar um carro enquanto conduz deixa de ser ficção científica e passa a ser estrada pública.

A revolução da mobilidade elétrica ganhou hoje um novo capítulo. Pela primeira vez na história, entrou oficialmente em funcionamento um troço de autoestrada capaz de carregar veículos elétricos enquanto circulam, sem necessidade de parar em carregadores, sem cabos, sem interrupções — energia transmitida diretamente para o veículo em movimento.

A estreia aconteceu em França, num troço experimental da Autoestrada A10, entre Paris e Bordeaux, e é o primeiro projeto em estrada pública aberta ao tráfego normal, não uma pista de testes isolada. O que até agora era apenas um conceito tecnológico, passa a ser realidade operacional.

E isto muda tudo.

Porque é que isto é tão revolucionário?

Porque resolve, de uma só vez, as maiores limitações dos carros elétricos:

• Autonomia limitada

• Dependência de pontos de carregamento

• Longos tempos de espera

• Ansiedade de bateria (range anxiety)

Se as estradas forem capazes de alimentar os veículos, deixa de fazer sentido planear viagens com base em postos disponíveis.
O conceito passa de “Eu preciso encontrar um carregador” para “A estrada carrega o carro por mim”.

Como funciona esta autoestrada que carrega carros em movimento?

A tecnologia usada é conhecida como Electric Road System (ERS) — um sistema de transmissão de energia sem fios embutido na estrada.

Funciona assim:

1. No asfalto são embutidas bobinas de indução eletromagnética.

2. Os veículos compatíveis possuem uma placa recetora no chassis.

3. Quando o carro circula sobre a estrada, a energia passa da estrada para o carro, carregando a bateria.

4. É automático. O condutor não precisa fazer nada.

É a mesma lógica dos carregadores wireless para smartphones —
mas aplicada à escala de 1000 kg de metal em movimento a 120 km/h.

E quem está por trás desta inovação?

O projeto é liderado pela empresa sueca Electreon, em parceria com a operadora francesa da rede de auto-estradas Vinci Autoroutes.

A Electreon já tinha realizado testes bem-sucedidos em Itália, Alemanha, Suécia e nos EUA — mas sempre em pistas privadas ou zonas urbanas de circulação reduzida.

Este é o primeiro caso em estrada pública aberta ao trânsito real.

Isto marca o momento em que a tecnologia deixa de ser protótipo e começa a ser infraestrutura.

Quanto vai custar? Vai demorar quanto tempo a ser normal?

Aqui é onde a história fica interessante.

No início, a instalação é cara — tal como foram os postes de eletricidade, o 4G, a fibra ótica, as auto-estradas e… tudo o que hoje é básico.

Mas o impacto económico compensa:

• Reduz necessidade de baterias enormes (mais leves → menos consumo)

• Impede desgaste rápido de baterias (aumenta a sua vida útil)

• Permite frotas logísticas 24/7 (camionagem elétrica competitiva)

• Reduz importação de combustíveis fósseis

• Diminui emissões de CO₂ sem depender de carregadores fixos

Ou seja, não é uma melhoria — é uma transformação de modelo.

E Portugal? Estamos perto ou longe disto?

Portugal tem uma das melhores redes de carregadores públicos da Europa, mas com gargalos:

• Postos ocupados ou avariados

• Filas nas viagens longas

• Tempos de carregamento ainda longos

Uma tecnologia de estrada carregadora eliminaria grande parte destes problemas, especialmente em:

• AE1 (Norte ↔ Lisboa)

• A2 (Lisboa ↔ Algarve)

• Logística portuária e de mercadorias

Se a Europa avançar, Portugal não pode ficar para trás.

A questão não é “se” — é “quando”.

O Futuro Está em Movimento — Literalmente

Carregar enquanto conduz muda a relação entre:

• Energia

• Mobilidade

• Tempo

• Território

O carro elétrico deixa de ser uma adaptação do presente e passa a ser a base do futuro.

O que hoje é apenas uma faixa experimental na A10 pode, dentro de 10 anos, ser:

• A A1 Lisboa–Porto

• A Autostrada do Norte italiano

• A Autobahn alemã

• A Route 66 americana

A revolução já começou — e começou no asfalto.

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